quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

ORDEM DOS DESFILES 2013

Ordem dos Desfiles - LIESV 2013
GRUPO ESPECIAL
03/08/2013
Escola Virtual da Amazônia
Bohemios Samba Club
Estrela do Amanhã
Flor de Lótus
Bandeirante da Folia
Camarões dos Pampas
Tigres de Niterói
Imperatriz Paulista
Império do Progresso
Ponte Aérea
GRUPO DE ACESSO
02/08/2013
Sereno de Cachoeiro
Paraíso da Folia
Mocidade Leopoldense
Camisa 10
Gaviões Imperiais
Dragões Lendários
Cupincha de Campo Grande
Colibris
Bambas Sambario
Imperiais do Samba

IMPERIAIS DO SAMBA

IMPERIAIS DO SAMBA
PRESIDENTEWellington Kirmeliene (Imperial)
CARNAVALESCOJoão Sane Malagutti
INTÉRPRETESRodrigo Raposa
CORES Vermelho, Amarelo e Preto
FUNDAÇÃO19/04/1999
CIDADE-SEDESanto André-SP
Nascida em 19 de Abril de 1999, a Imperiais do Samba foi a primeira Escola de Samba Virtual a ser criada. O evento foi narrado de forma carnavalesca pelo seu presidente, Wellington Kirmeliene, conhecido como Imperial: “Num dia Deus falou: ‘Onde houver trevas que se faça luz!’. Em seguida, um poeta maior disse: ‘Onde houver tristeza que haja alegria!’. Assim todo o universo se iluminou e nasceu a Imperiais do Samba...”.
A escola é uma das fundadoras da LIESV. Os carnavais da Imperiais têm como característica os sambas “valentes” e os enredos altamente elaborados, feitos a partir de pesquisas extremamente minuciosas. A Imperiais foi a grande campeã do desfile do Grupo Especial de 2004, quando teve a honra de ser a primeira escola da LIESV a ter um samba transmitido pelas ondas de uma rádio–a Rádio Gaúcha, que exibiu o clássico “O Cio da Terra - O Que Se Plantou, Deu; E O Que Não Deu, Dará!”.
Nos anos seguintes, a escola teve seguidos problemas com seus carnavalescos, mas sempre deu a volta por cima, sendo recebida com entusiasmo pelos espectadores. A comunicação com o público, aliás, é o seu grande trunfo – a escola possui a maior torcida do carnaval virtual.
Ano
Enredo
Colocação
2013A Voz que vem de Dentro -
2012Um Lugar Chamado Esperança 17º(Único)
2011Adeus, China! 9º (Especial)
2010Labirintos da Alma - Um Rosário de Fé, um Inventário para Deus e uma Lição para os Homens6º (Especial)
2009Somniu Aeternitatium Imperiale – Só quem é pode saber!
3º(Especial)
2008Ressurreição
3º(Especial)
2007Imperiais sur-realista - Nem freude explica!
8º(Especial)
2006Made in Brazil - Um por todos, todos por 171
8º(Especial)
2005Imperiais Africanos! Eis a História de Nossos Ancestrais - Os Filhos de Afra!!4º(Especial)
2004O Cio da Terra - O Que Se Plantou, Deu; E O Que Não Deu, Dará!1º(Especial)
2003E brilhava mais que o sol... 3º(Especial)

SINOPSE ENREDO 2013
A Voz que vem de Dentro

SINOPSE:
Axé!
Se coloque de pé, valente nação imperiana!
Junte seus sonhos partidos, seque suas lágrimas de orgulho ferido, sinta o sabor do seu próprio sangue a correr das chagas lançadas pela burrice humana que julga sem saber.
Desfralde seu pavilhão tricolor. Erga os olhos e veja-o! Quero perceber o brilho de nossa coroa no fundo dos seus olhos. Levanta-te!! Exploda das cinzas, grandiosa fênix dos carnavais!! Podem te roubar o espaço, podem te perseguir, mas eu lhe dou a fibra e a coragem para lutar e vencer. Ninguém irá roubar a nossa história, a minha e a tua!
Vamos à luta!
Sou a voz interior que habita os corações daqueles que se sentem presos aos grilhões obscuros da perseguição. No interior da blindada pele negra "arrastei" correntes, senti a chibata e resisti. Enfrentei e venci. Antes embargada na garganta, rompi o silêncio e com o meu canto cortei ares e disse "NÃO". Ergui minha fortaleza na mata, fui quilombola e estourei correntes conhecendo a branca e áurea liberdade. Marquei com lágrimas a festa de minha alegria. Vi a união de vozes junto aos tambores entoando ao largo do giro das saias rendadas das mães negras, mulheres que carregavam as crianças no alto das cabeças como símbolo da pureza liberta de toda uma raça. Também minha raça!
Ousei combater o peso das autoridades, independente se usavam uma coroa ou uma farda. Gravei palavras de ordem, narrei fatos de cada canto onde a opressão lançava suas sombras. Subi os morros e toquei os céus. Lancei mais estrelas no infinito sob "os barracões de zinco". Olhando assim, cada cidade rusticamente iluminada "mais parecia o céu no chão"! Não me coloquei nas alturas para fugir, mas para poder entender melhor, ver melhor meus perseguidores. Meu samba foi a arma capaz de encantar branquinhas e mulatas, quebrar o quadril de marechais, doutores e intelectuais. Sou a voz que se propaga e faz arrepiar, mexer os pés e alucinar. Sou resistência pé no chão vindo do morro e fazendo miséria no asfalto. Me empurra às margens que eu causo uma onda de euforia que te desafia e te enlouquece. Mascarada ou colorida, dei voz ao morro que desceu por toda a cidade.
Não importa quem manda, não me rendo e não me curvo. Me persegue e eu te assombro! Manda-me calar a boca e eu fujo pelas frestas da mordaça! Parto do interior e ganho o mundo com minha vibração. Crio a imagem da arte que não se cala. Ressoo e posso me multiplicar. Falo por muitas pessoas, rasgo as cortinas, escapo da coxia e, sob a luz da ribalta, enceno minha fibra. Ensino que não há porque calar. Meu sonho, minha filosofia, meu mundo em cores fazem a cena do novo Brasil. Render-se jamais, silenciar-me, nunca!
E então propalo. Viajo em notas musicais e em acordes para que o mundo acorde e perceba: resistir é preciso, pois aquele que persegue não pode vencer. Não pode ser o predador, há de ser a presa! Assim eu tropicalizo, radicalizo e escandalizo! Eu sou o novo!
Contra a ditadura meu som se une ao sorriso. Viro crítica e denuncio a galhofa nacional. Se prefere "o cheiro do cavalo ao cheiro do povo", saiba que prefiro te desafiar com o escárnio. Não adianta mais querer me prender, censurar e impedir! Sou o reflexo do povo e choramos juntos cada sonho partido. Tancredão partiu, o povo chorou, mas não desistiu: avançou! Assim me uno ao som da viola e ao rock pauleira. Sim, sou rock, pois também sou santeiro. Tardo, mas não falho! "To certo ou to errado?".
De pernas para o ar e coração leve eu digo: enfim sou livre para ser o que quero ser! Deixe então o vento levar livremente tudo o que é ruim. Deixe o vento levar o que é bom, deixe o vento levar o que sou...
Deixe o vento me levar para mais uma vez dizer: Imperiais teu povo te ama!!!

DRAGÕES LENDÁRIOS

DRAGÕES LENDÁRIOS
PRESIDENTEVictor Fernandes
CARNAVALESCOIsac Ferreira
INTÉRPRETELeandro Santos
CORESAmarelo e Preto
FUNDAÇÃO19/5/2008
CIDADE-SEDESão Gonçalo-RJ

Após quatro tentativas, a Dragões Lendários fará sua estreia nos principais grupos da LIESV em 2013 graças ao sexto lugar no desfile do Grupo de Avaliação (CAESV) de 2012. Curiosamente, nos quatro desfiles anteriores, a colocação sempre foi a mesma: sexto.

Ano
Enredo
Colocação
2013Qual o Enredo do meu Samba?- (Acesso)
2012Os Ciganos Ainda Estão na Estrada...6º (CAESV)
2011Até que a morte os separe?6º (CAESV)
2010Das trevas da ignorância ao alvorecer de uma nova era: o dragão traz o despertar de uma nova consciência6º (CAESV)
2009Uma viagem na Mitologia Grega... A Dragões pede a benção do deuses Olímpicos!
6º (CAESV)

ENREDO 2013
Qual o Enredo do meu Samba?

O que será que Ismael Silva e o pessoal do Estácio diriam ao saber que existem escolas de samba virtuais? Definitivamente muita coisa mudou no mundo do samba desde a criação do termo "Escola de Samba" por estes bambas. Mas será que toda essa mudança foi para melhor? A Dragões Lendários estréia na LIESV procurando dar sua opinião sobre a evolução das Escolas de Samba.

SETOR 1 - "Oh! Saudade, ô. Meu Carnaval é você..." (Caprichosos de Pilares, 1985)

No Rio Antigo, as pessoas brincavam o carnaval fantasiadas de reis, piratas, bailarinas entre outras fantasias tradicionais, como pierrôs e colombinas. A elite carioca não se mistura ao povo e cria os Corsos e Grandes Sociedades, enquanto o povo cria seus Cordões, Blocos e os Ranchos. O samba, trazido pelas Tias Baianas, como Tia Ciata, que morava na Praça XI, onde se organizavam as primeiras rodas de samba do Rio de Janeiro, é o ritmo que começa a embalar a folia popular.

No Estácio, surge a Deixa Falar, um bloco que cria a ala de baianas, o surdo, retira os instrumentos de sopro, e ensina o samba a ser cantado na Praça XI. Assim, para muitos, a Deixa Falar foi a primeira Escola de Samba, apesar de nunca ter desfilado como tal. Ela estava presente no primeiro concurso de samba do Rio do qual participou o Conjunto de Oswaldo Cruz e o Bloco Carnavalesco Estação Primeira, que se tornariam respectivamente à Portela e à Estação Primeira de Mangueira.

Mangueira e Portela fazem parte do primeiro concurso de escolas de samba, organizado pelo jornal "Mundo Esportivo", do qual se sagraram campeã e vice. A Portela introduz alegorias em seus desfiles, comissão de frente uniformizada, samba-enredo e trazer a escola toda fantasiada dentro do enredo escolhido pela agremiação. Com isso estavam criadas as Escolas de Samba que conhecemos hoje.

SETOR 2 - "O samba cresceu... Na Candelária, construiu seu apogeu..." (Império Serrano, 1982).

O desfile das escolas de samba vai crescendo em importância, com a ajuda da subvenção fornecida pela prefeitura desde 1935, e o crescimento é tal, que passam a rivalizar com os desfiles das grandes sociedades. Sempre são abordados temas nacionalistas, de acordo com a regra criada pelo regime de Getúlio Vargas, que exige que os enredos abordados sejam exclusivamente de temática nacional. Entra-se na era dos enredos de "capa e espada", enredos que exaltavam políticos, militares ou ainda feitos heroicos de personagens da história oficial do Brasil. E é neste tipo de enredo que uma nova força surge para abalar o domínio das soberanas Portela e Mangueira, nasce o Império Serrano em 1947, que vence o carnaval logo em seu ano de estreia. Com a demolição da Praça XI, os desfiles mudam-se até se fixarem na Avenida Presidente Vargas, terminando na Candelária.

O crescimento do público é vertiginoso nestes anos, e o desfile é transferido em 1957 para a Avenida Rio Branco, onde desfilavam os ranchos, devido ao grande interesse que os desfiles despertavam. A imprensa estima que 700 mil pessoas assistiram aos desfiles deste ano.

É nesse clima de expansão que surge a Acadêmicos do Salgueiro, que causa a primeira grande revolução estética do desfile das escolas ao contratar um casal de artistas plásticos, Marie Louise e Dirceu Neri para preparar seu carnaval de 1959, que deixam de lado os enredos capa e espada e embarcou em uma viagem pelas obras do pintor francês Jean-Baptiste Debret. Fernando Pamplona, cenógrafo do Teatro Municipal, então jurado deste desfile, de tão impressionado, não hesita em aceitar o convite da agremiação para desenvolver o seu carnaval de 1960. Aí acontece mais uma revolução no carnaval carioca.

E por suas mãos, pela primeira vez um personagem da história não oficial do Brasil, Zumbi dos Palmares, é retratado com tema principal de um enredo. Difícil foi convencer os salgueirenses a abandonar suas perucas de nobres e desfilarem vestidos de escravos africanos. Mas a persistência de Pamplona foi recompensada e o Salgueiro é campeão pela primeira vez. Seguindo Zumbi, vários personagens desconhecidos entram no rol de "heróis" brasileiros como Chica da Silva, Chico Rei, Dona Beija, entre tantos outros. Quem dava vida a muitos destes personagens era Isabel Valença, por muitos considerada a maior destaque que já existiu, inclusive causando espanto ao ser a primeira negra a ganhar um concurso de fantasias de luxo feminino do Teatro Municipal.

Não só esteticamente evolui o carnaval. Abram alas para Mestre André e sua Mocidade Independente. Mestre André é o criador da famosa paradinha da bateria da Mocidade, que era muito mais famosa que a escola em si, mas pavimentou o caminho para o crescimento da Mocidade. E musicalmente se criam obras primas do samba-enredo e da música popular brasileira como para a história da música popular brasileira, como Aquarela Brasileira (Império Serrano, 1964), Sublime Pergaminho (Unidos de Lucas, 1968), Lendas e Mistérios da Amazônia (Portela, 1970), Festa para um Rei Negro (Salgueiro, 1971) entre tantos outros.

SETOR 3 - "É fantástico, virou Hollywood isso aqui..." (São Clemente, 1990)

Com tanta atenção do público e da mídia, não seria de se espantar que as escolas de samba crescessem assustadoramente, e algumas escolas no início dos anos 70 já desfilavam com mais de 2500 componentes. Vestir tantos componentes começa a custar caro para as escolas, que agora já contam com o dinheiro dos discos e com as verbas da transmissão pela televisão, mas ainda assim começam a depender ainda mais de patronos para preparar seus desfiles.

Além disso, uma nova safra de carnavalescos desponta e com eles novas escolas começam a aparecer no cenário das grandes escolas de samba. Joãosinho Trinta é o autor de uma frase célebre, não só no mundo do samba, mas propagada por todo país "Pobre gosta de luxo. Quem gosta de pobreza é intelectual" o que daria início a era dos desfiles luxuosos que seria a marca registrada deste gênio do carnaval. Os patronos entram em cena para bancar esta necessidade de luxo e riqueza. Castor de Andrade, faz com que a Mocidade desfile com um luxo até aquele momento inimaginável e Anísio Abraão David, agora patrono da Beija-Flor de Nilópolis, uma escola das chamadas iô-iô, contrata Joãosinho Trinta, que passa a fazer valer seu mote, uma vez que não tem mais restrições financeiras.

Agora o luxo é a regra, Beija-Flor é tri-campeã entre 1976 e 1978 e no ano seguinte a Mocidade é campeã pela primeira vez. Os custos do carnaval se tornam astronômicos, os preços das fantasias vão ficando cada vez mais alto, e o povo, muito afetado pela situação econômica do país, com inflação galopante, começa a ter muitas dificuldades de participar da festa. E cada vez mais penetras chegam para a festa.

Celebridades correm para as escolas de samba com o único intuito de aparecer e não hesitam em comprar seus lugares seja nos carros alegóricos, nas diretorias ou na frente das baterias, mesmo que nunca tenham aparecido nas comunidades ou nos barracões. E as escolas, cada vez mais necessitadas de dinheiro aceitam de olhos fechados tais "colaborações". A televisão inclusive começa a mandar no show. As escolas se sujeitam aos horários esdrúxulos de desfile e a imposição de regras pela televisão, que define até quantas escolas podem estar em cada grupo.

Tal exposição leva à criação de um espaço permanente para os desfiles, o Sambódromo Darcy Ribeiro na Rua Marquês de Sapucaí, para onde os desfiles se mudaram em 1978, que foi responsável por causar uma nova revolução estética nos desfiles das escolas de samba. Mas o povo, fica cada vez mais longe dos desfiles, pois os ingressos ficam cada vez mais caros, e não tem condições de comprar os ingressos para aquela que seria sua festa.

Fantasias e alegorias têm de mudar com o novo palco. As alegorias ficam cada vez maiores e as fantasias crescem nos ombros e na cabeça, que são as partes das fantasias mais visíveis pelos espectadores de cima. Fernando Pamplona, enquanto comentarista vivia afirmando que os componentes estavam sendo obrigados a carregar um festival de cangalhas nos ombros, que nada acrescentavam para o entendimento do enredo.

As alegorias passam a ser High-Tech, cada vez mais cheios de luzes, efeitos especiais, especialidades de Renato Lage, cada vez mais carregados de pessoas fazendo coreografias em vez de sambando, cortesia da Comissão de Carnaval da Beija-Flor, chegando ao seu ápice com Paulo Barros e seus carros alegóricos mais baseados nas pessoas que estão sobre ele do que em suas estruturas.

As escolas também crescem em número de componentes e com a limitação de tempo existente pelas necessidades de organização dos desfiles e da televisão, os sambas-enredo, precisam ser cada vez mais acelerados, tornando cada vez mais difícil sambar e os componentes tem que quase correr para acompanhar seu ritmo, e o samba-enredo se transforma em marchas aceleradas e não são mais sambas de verdade.

Com isso tudo as escolas passam a desfilar para os jurados e não para o público e pelo público, surge o desfile técnico, cujo maior expoente é a Imperatriz Leopoldinense, sob o comando de Rosa Magalhães. Fantasias ricas e bem acabadas, alegorias irretocáveis, uma evolução cronometrada e sem falhas, com a escola toda cantando o samba. Desfile perfeito, mas sem emoção, sem coração. E cada vez mais as escolas vão se afastando dos sambistas da comunidade, do povo que as criou.

SETOR 4 - "E o samba sambou..." (São Clemente, 1990)

Os próprios sambistas começam a sentir saudades dos tempos idos, daquela época na qual as pessoas iam para os barracões ajudar na confecção das fantasias, em que se reunião para compor os hinos que suas escolas levariam para a avenida. Enredos como Bum bum paticumbum prugurundum, com o qual a Império Serrano foi campeão em 1982, já alertava para os perigos das Super Escolas de Samba S/A. A saudade dos antigos carnavais foi cantada pela Caprichosos de Pilares em 1985 e a São Clemente decretava em 1990 que o samba havia sambado, numa visão crítica e pessimista daquele momento pelo qual passavam as escolas de samba. Momento no qual elas ainda estão.

As escolas tradicionais perdem sua identidade, esquecendo-se das suas comunidades chegando ao cúmulo da Velha Guarda da Portela ser impedida de desfilar em 2005. Vale muito mais o resultado do que a tradição, do que o coração do verdadeiro sambista. Aquele sambista que, por amor à sua escola, parcela o valor de sua fantasia em dez vezes no carnê e cumpre religiosamente com os pagamentos, que vai a todos os ensaios, que sabe o samba de sua escola na ponta da língua.

Será que algum dia voltaremos a ver aquele senhor de cabelos brancos, de mãos calejadas envergar o fraque e cartola à frente de sua escola, apresentando-a com orgulho a toda a população? Será que veremos a passista brincar em ala e quando a idade chegar se tornar uma respeitável baiana, que traz no seu corpo curvado os anos de amor pelo samba? Será que um dia veremos tremular novamente nas janelas as cortinas feitas com o tecido das velhas fantasias? Será?

CUPINCHA DE CAMPO GRANDE

CUPINCHA DE CAMPO GRANDE
PRESIDENTECarlos Augusto Menezes Maia
CARNAVALESCOCésar Menezes Maia
INTÉRPRETEPixulé
CORESAzul, Vermelho e Branco
FUNDAÇÃO10/3/2011
CIDADE-SEDERio de Janeiro-RJ

O Cupincha de Campo Grande foi fundado por um grupo de amigos que resolveu criar uma escola de samba logo após o Carnaval desse ano. Após pesquisarem sobre o Carnaval Virtual, optaram por participar da LIESV e com isso se organizaram para disputar uma vaga na liga através do CAESV em 2012. O termo “cupincha”:“camarada”, “companheiro”, “amigo”,vem da amizade dos fundadores que, mesmo habitando longínquos rincões deste país, desejam ver a escola desfilando no carnaval virtual. Cores: azul, vermelho e branco são uma homenagem às escolas do Grupo Especial e Acesso campeãs em 2011 – Beija-Flor e Renascer – e ao Sereno de Campo Grande. O símbolo da escola, o abutre, representa o conjunto Alfredo de Moraes, também conhecido como Morro do Abutre. As seis estrelas designam os fundadores Mamute, César Maia, Dig, Mozac, Marco Polo e Tio Ju. A escola carioca estreou no Grupo de Avaliação (CAESV) da LIESV em 2012. O quarto lugar obtido foi o suficiente para a agremiação conquistar um lugar no Grupo de Acesso da LIESV em 2013. Seu intérprete é Pixulé.

Ano
Enredo
Colocação
2013Ó abre alas que eu quero passar...- (Acesso)
2012Cinderela - Um Conto de Fadas
4º (CAESV)

ENREDO 2013
Ó abre alas que eu quero passar...

SINOPSE
Pegando carona na célebre marchinha de carnaval composta em 1899 por Chiquinha Gonzaga, a vocês vou me apresentar. Viajando nas asas do abutre, que alça voo numa história milenar para contar a minha origem e minhas manifestações, desde a Antiguidade, onde danças e cânticos em volta de uma fogueira celebravam a chegada da primavera e do sol após catastróficas enchentes e o inverno rigoroso. Atravessarei, no Velho Mundo, as trevas da Idade Média e da Inquisição, chegando ao Renascimento, que me teatralizou. Cruzando o mar vindo de terras lusitanas, cheguei ao Novo Mundo, por conta da vinda da família real portuguesa, fugida pelo temor da invasão de um certo Napoleão Bonaparte. O Rio de Janeiro, capital tropical da nova corte, necessitava de cultura, e com a inserção de costumes europeus ao elemento negro, mesclados aos crescentes ideais republicanos e abolicionistas, fui me fortalecendo e criei uma identidade própria. Espalhei-me pelo país e incorporei características de cada região desse imenso torrão. O espírito jocoso e festeiro do brasileiro me fez crescer tanto que hoje arrasto multidões de norte a sul desse país. Ganhei ares de espetáculo, cheguei ao mundo virtual e hoje sou considerado o maior espetáculo da terra.

Os primórdios

As minhas origens remontam aos cultos pagãos dedicados à agricultura na Antiguidade, verdadeiras festas do povo, onde as convenções sociais eram superadas pela alegria e delírio coletivos. Assim ocorria na Grécia com as dionisíacas, festas regadas a muito vinho, que levavam multidões às ruas, todos os anos; em Roma, ocorriam as Saturnálias, festejos em honra ao deus Saturno - que de acordo com a lenda, ensinou a agricultura aos romanos -, nos quais a população saía às ruas celebrando o término das convenções sociais e os escravos, neste período, eram considerados homens livres e, como homens livres, podiam falar o que quisessem, e diziam poucas e boas aos seus donos; em Mênfis, por sua vez, minha essência já se fazia presente nos gigantescos cortejos que exaltavam Ísis, a deusa da agricultura e o Boi Ápis, animal sagrado, no qual encarnava o deus Ptah.

O fortalecimento do carnaval no Velho Mundo

Durante a Idade Média, o cristianismo não fez desaparecerem por completo as tradições pagãs, embora muitos teólogos cristãos me condenassem veementemente. Os Concílios de Niceia e de Trento discutiram e decidiram meu rumo, porém, não condenaram as festas populares de origem pagã por acharem que elas não tinham essência pecaminosa, pois representavam "o espírito sadio da festa". E assim minha alegria foi incorporada ao calendário oficial pelo papa Gregório XIII. Passei, então, a ser visto como um momento de entrega aos excessos antes do período de privações da Quaresma. Fui chamado de "Folia dos Loucos" e, quem diria, organizado por elementos do próprio clero. As portas que foram abertas pela igreja ajudaram a me fortalecer na Europa, onde, sem a objeção da Igreja, ganhei mais brilho em cidades monumentais como Veneza, Nuremberg e Nice. Na Itália, já no fim da Idade Média, os ideais renascentistas me influenciaram de tal modo, que, através do teatro, a Companhia Italiana Comédia Dell’Arte me proporcionou grandes personagens, como o arlequim, a colombina e o pierrô, estilizados nos famosos bailes de máscaras de Veneza. Ainda inspirei o entrudo, conjunto de festas populares que ocorria em vários países da Europa, muitas vezes através de manifestações de violência retratadas em batalhas de gesso e de água, com destaque para Portugal, de onde cruzei o mar, sendo trazido ao Brasil, ainda na época colonial.

Aportando em terras brasileiras

Aqui chegando, principalmente por meio do entrudo, fui logo abraçado pelo povo, já que desde a época da colônia, procurava-se por estas terras criar grandes festas e eventos para distrair a população. Foliões fantasiados, principalmente escravos e as camadas mais pobres, se divertiam com água, farinha e limões de cheiro. Com a vinda da família real portuguesa em 1808, os portugueses trouxeram também outras práticas carnavalescas para a cidade do Rio de Janeiro, nova residência da corte imperial. Assim, brinquei na Serração da Velha, semente embrionária do carnaval carioca, o qual, por sua vez, se confunde com a própria história do carnaval brasileiro, e mais tarde se torna um dos maiores símbolos da identidade nacional. O Zé Pereira introduziu uma batida de bumbos e tambores:

- "E viva o Zé Pereira, viva o Zé Pereira, viva o Zé Pereira, que não faz mal a ninguém! Viva a bebedeira, Viva a bebedeira, Viva a bebedeira, Nos dias de Carnaval!"

A canção era uma paródia a uma marchinha francesa e é vista como a primeira tentativa de canção do carnaval carioca. No final do século XIX, os ideais abolicionistas e republicanos afloravam a mil e influenciaram as grandes sociedades, que surgiram em 1855 e foram anunciadas por José de Alencar no jornal Correio Mercantil. O luxo e a riqueza das sociedades encantaram inclusive o imperador D. Pedro II e fizeram brotar um carnaval mais alegre e bem-humorado no seio da sociedade. E assim foram surgindo ranchos, blocos, cordões e bailes, caracterizando diversas manifestações populares que se desenvolveram entre o fim da monarquia e o início da república. Na antiga Avenida Central, o Corso, um desfile de automóveis em que seus motoristas e passageiros faziam verdadeiras batalhas de confetes, serpentinas e lança-perfumes, foi a minha maior atração já no início do século XX.

A influência do negro populariza a festa

No Rio de Janeiro, meus aspectos tipicamente europeus se mesclaram com os costumes do negro, os quais, desde a época da escravidão, nunca deixaram de preservar as suas tradições culturais como o semba, que, misturando-se com tipos musicais característicos do meio urbano carioca, como a polca e o maxixe, deram origem ao samba, que se espalhou pelo país por meio de sucessos como "Pelo Telefone", de Donga e Mauro de Almeida, considerada a primeira composição classificada como samba e que marca o início do reinado da canção carnavalesca. Os blocos, cordões e o surgimento do samba carioca nesta época, com a participação de negros, mulatos e brancos humildes me deixaram com uma feição bastante popular. Em 1927, o bloco da "Deixa Falar", fundado no bairro do Estácio de Sá, gerou o formato de samba-enredo a ser cantado pelas ruas da cidade. Para serem mais respeitados, os blocos evoluíram e se transformaram em escolas de samba, dentre as quais destacamos Mangueira, Vai como Pode (Portela), Vizinha Faladeira e Unidos da Tijuca, campeãs na década de 1930, quando foram realizados os primeiros desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro. Com o passar dos anosos desfiles evoluíram e este gênero musical, tão influenciado pelo batuque do negro vindo de além-mar,se estabeleceria como símbolo da cultural nacional.

A consagração da festa popular pelo país

De norte a sul do país, me espalhei e me adaptei de acordo com as características de cada região. Todos os anos milhões de brasileiros e de estrangeiros tomam as ruas das grandes cidades onde arrasto multidões durante os dias de folia. Em Pernambuco, as ruas de Olinda fervem ao som do frevo, dos bonecos gigantes, dos quais se destaca o Homem da Meia-Noite, e o maior bloco do mundo, o Galo da Madrugada, arrasta 1,5 milhão de pessoas para o centro de Recife.Na Bahia, os trios elétricos criados pelos amigos Dodô e Osmar arrastam dois milhões de foliões que desfilam como "pipocas" ou com seus abadás na cidade de Salvador, ao som de muito axé e afoxé. No Rio de Janeiro, a festa popular que toma as ruas do centro é o Cordão da Bola Preta, o bloco carioca mais tradicional, cujos foliões se vestem com roupas brancas e bolas pretas. Mas de norte a sul, seja no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Florianópolis, Brasília ou até em Uruguaiana, a festa que mais atrai foliões e turistas e me deu a fama de maior espetáculo da terra é o desfile das escolas de samba e que tem na Avenida Marquês de Sapucaí o seu ponto alto.Mas, como tudo evolui, eu também me rendi à modernidade e ultrapassei as barreiras da realidade, embarcando no mundo virtual, e há uma década desfilo criatividade e alegria na passarela virtual, num carnaval democrático e popular, que pode ser vivido o ano inteiro. Muito prazer, eu sou o carnaval! E hoje me visto de azul, vermelho e branco, as cores do Cupincha de Campo Grande, que esta noite me presta a sua homenagem na Passarela João Jorge Trinta.

SINOPSE AOS COMPOSITORES

O abutre alça vôo numa história milenar
Onde o sol e a primavera faziam o povo delirar
Viva Ísis, o Boi Ápis, a fertilidade agrária!
Viva o vinho, Dionísio e as Saturnálias!

No Velho Mundo, na Idade Média,
Nem a inquisição me calou
Antes da quaresma até o Papa
À "Folia dos Loucos" se entregou

Personagens, mascarados, nesta onda de folia
Ideais renascentistas, a Comédia dell’Arte consagrou
Arlequins, pierrôs e colombinas
Nuremberg, Nice e Veneza, o carnaval imortalizou

Na magia do intrudo, brinquei e inspirei
E o período colonial atravessei
Na Serração da Velha a semente aqui plantei
Cruzando o mar aqui cheguei

Confete, serpentina e limão de cheiro
A corte cai na brincadeira
Blocos, corsos e cordões
Viva o Zé Pereira! Viva a bebedeira!

Da cultura européia com o batuque do negro
A voz do morro simboliza essa cultura
"Pelo telefone", "Deixa Falar"
O samba se originou dessa mistura

Em Pernambuco tem o frevo
E o Galo da Madrugada
No Rio a "Bola é Preta"
Salvador tem Timbalada

Na Marquês de Sapucaí, ou de norte a sul deste país
O desfile das escolas de samba é o ponto alto do carnaval
Nesta noite de alegria o Cupincha de Campo Grande
Também presta sua homenagem ao carnaval virtual

GRESV CUPINCHA DE CAMPO GRANDE - DIREÇÃO DE CARNAVAL

COLIBRIS

COLIBRIS

PRESIDENTEMurilo Sousa
CARNAVALESCO Eduardo Nunes
INTÉRPRETE Murilo Sousa e Leandro Thomaz
CORES Azul e Branco
FUNDAÇÃO03/2003
CIDADE-SEDEValença-BA

Nascida em berço esplêndido! A Colibris surgiu em março de 2003, comemorando o sétimo título de sua madrinha, a Beija-Flor de Nilópolis. Azul e branco triunfal e sem igual, foi a máxima representante da escola de Nilópolis na LIESV. Com fundação em João Pessoa (antiga sede), já foi sediada em Salvador, Porto Alegre e Rio de Janeiro. Agora em São Gonçalo comprova cada vez mais que ela tem a cara do Brasil e como o povo brasileiro é uma escola guerreira que não desiste nunca.

Em seu primeiro carnaval exaltou uma guerreira - Clara Nunes e Colibris uniram-se em uma única imagem, cantaram e choraram a saudade de um encontro que não veremos mais. O samba é considerado o primeiro grande clássico da LIESV, apesar da escola ter sido apenas a quarta colocada na apuração.
A escola sempre teve como característica apostar em desfiles fortemente ligados à cultura brasileira, chegando ao vice-campeonato em 2005, com "Casa Grande e Senzala". Após o carnaval de 2006, acabou descumprindo o regulamento da LIESV quanto ao recadastramento, sendo rebaixada.

A mudança da presidência, que passou a Guilherme Dourado, deu novo fôlego para a escola. Com o trabalho de Murilo Duarte e do intérprete Pedro Ferraz, a escola acabou sendo campeã do Grupo de Acesso de 2007. Porém, no ano seguinte, a tradicional agremiação acabou rebaixada para o Grupo de Acesso em 2009. Antes dos desfiles, assumiu um novo presidente: Théo Valter, que substituiu Guilherme Dourado.
A mudança...

Depois do carnaval virtual 2009, a Colibris fez uma fusão com a SVS Cruzeiro do Sul, com Rodrigo Raposa passando a ocupar a vice-presidência da agremiação, que manteve o nome e adicionou "Guerreira" à nomenclatura inicial, se tornando Grêmio Recreativo Escola de Samba Virtual Guerreira (GRESVG) Colibris.

Em 2010, a escola superou as dificuldades e, com um belíssimo desfile, foi a campeã do Grupo de Acesso, voltando para a elite do carnaval virtual. Após a apresentação, Théo Valter entregou o comando da Colibris para Rodrigo Raposa que, em março de 2011, o repassou a Gustavo Martins. Desde 2012, Murilo Sousa é o presidente da Guerreira.

Ela é a única, inimitável! Ela é puro samba! O samba é do povo! E é ao povo que a Guerreira Colibris dedica seus Carnavais!
Ano
Enredo
Colocação
2013Samba-Enredo- (Acesso)
2012Capitães da Areia15º (Único)
2011Por Gentileza...6º (Especial)
2010Atos do Brasil1º (Acesso)
2009O Mundo ao Toque do Botão
7º(Acesso)
2008Um Samba Português, um Fado Tropical... Ainda Vai Tornar-se um Imenso Portugal
11º(Especial)
2007Romaria - Só queria mostrar meu olhar
1º(Acesso)
2006Cyber Colibri - A Folia dos Bits
5º(Especial)
2005Casa-Grande& Senzala
2º(Especial)
2004O Brasil na voz do Povo
6º(Especial)
2003Sob a claridade de uma guerreira, um Brasil mestiço - Santuário de Fé
4º(Especial)

ENREDO 2013
Samba-Enredo


Sou eu! Sou o canto do sambista, a paixão do folião, a emoção transparecida de quem colore o asfalto de ilusão.

Sou o desabafo melódico de um povo, que aguarda ansiosamente o Carnaval chegar para, na avenida, extravasar através de meus versos, rimas e poesia.

Já decantei tantas histórias, exaltei os mais sublimes personagens, detalhei os matizes de inúmeros paraísos, dei o tom em muitos devaneios carnavalizados... Travesti-me nas mais diversas obras-primas, até hoje algumas delas na boca do povo tantos carnavais depois da apoteose que proporcionei. Outras infelizmente foram esquecidas após a passagem do Momo.

Antes de despontar na folia, o desfile era representado por sambas-exaltação, em nada relacionados com o enredo apresentado. Outra característica destas obras eram os versos de improviso inventados entre os refrões, pelos quais os "improvisadores" eram os responsáveis. São estes os pais dos puxadores que hoje me seguram na avenida.

Há controvérsias a respeito de quando apareci pela primeira vez no Carnaval. Há quem diga que nasci através da genialidade de Paulo da Portela em 1939, quando o enredo "Teste ao Samba" ganhou pela primeira vez uma letra de acordo com o conteúdo do desfile. O meu formato seria consolidado sete anos depois.

Meu poeta maior, o homem que com mais carinho e genialidade me tratou, foi Silas de Oliveira. Junto com Mano Décio da Viola, compôs para o Prazer da Serrinha em 1946 "Conferência de São Francisco", também conhecido como "Paz Universal", sugestivamente um ano depois do fim da guerra. Mas o presidente da escola, na hora do desfile, ousou me trocar por um samba de terreiro, o que revoltou os componentes que criariam no ano seguinte o Império Serrano, a agremiação que mais obras-primas me brindou.

Em meados do século passado, minhas obras eram consideradas "lençóis", por cobrir inteiramente o enredo, geralmente patriota naquela época. Minha poesia era mais extensa, épica e ufanista e o andamento mais cadenciado. Ajudei a consagrar a bateria do Mestre André, cuja batuta era responsável pelas primeiras "paradinhas". Silas de Oliveira, nos anos 60, teceria a colorida aquarela embalada pelo tradicional "lalalaiá" imperiano. A força da mulher também apareceria na construção de meus versos, com Dona Ivone Lara superando todas as adversidades machistas. E minhas estrofes receberiam termos africanos graças à Academia situada no morro do Salgueiro.

Até que, no Carnaval de 1968, pela primeira vez meus hinos estariam todos reunidos em disco, em ritual seguido até hoje. Tanto o antigo bolachão quanto o atual CD são presentes de Natal certos. Por isso que o folião passou a chegar na avenida sabendo meus versos e melodias de cor. O fim dos 60 marca minha popularização definitiva. Martinho na Vila Isabel propõe um formato moderno, com andamento mais acelerado. E o Salgueiro consagraria a força de meus refrões. Até hoje, eles aparecem em estádios do mundo inteiro. Por todos os cantos, ecoa um "olelê, olalá...", explodindo os corações na maior felicidade.

As disputas nas quadras são sempre dramáticas, carregadas de tensão. As alas de compositores se fortalecem, na busca do meu melhor para representar seus respectivos pavilhões. Após tantos cortes e dezenas de concorrentes, o resultado final ora é comemorado, ora é lamentado. Houve obras minhas derrotadas que, antigamente, eram regravadas por sambistas renomados e algumas fizeram muito sucesso. Pena que, hoje em dia, nem sempre o meu melhor triunfe, pois as escolas buscam premiar atualmente parcerias de melhor poder aquisitivo. E alguns enredos patrocinados limitaram minhas letras, com algumas delas tendo merchandisings inseridos. Por conta disso, minha qualidade poética e melódica decaiu nos últimos anos. Pelo menos a Internet ajudou a propagar tantas obras que, outrora, mergulhariam eternamente no limbo do esquecimento... além, é claro, de me proporcionar a oportunidade de aparecer também nesta folia via web, o Carnaval Virtual. Sinal dos novos tempos!

Assim me tornei a trilha definitiva de uma escola de samba. Ao som do apito, o mestre de bateria rege a sinfonia da ópera carnavalizada, comandada por guerreiros que me dão o ritmo. O cavaquinhista acerta meu tom e o intérprete, juntamente com seus cantores de apoio, me sustentam durante todo o desfile. Aliás, a minha voz oficial passou a ser denominada "intérprete", desde quando Jamelão, o mais belo timbre de meu gênero, qualificou como pejorativo o termo "puxador". Antigamente não havia tantos cantores no carro de som como se têm hoje. Louvo também os diretores de harmonia, responsáveis pelo embalar de meu canto.

Sou o porta-voz da garra, da harmonia e da apoteose do Carnaval. Todos os anos passo e deixo a minha marca no coração de cada folião. Sou o brado de uma gente guerreira, otimista e festeira. Sou a pureza em forma de canção. Sou a explosão de alegria.

Eu sou o samba-enredo.

Oh, melodia! Oh, melodia triunfal! Sublime festa de um povo, orgulho do nosso Carnaval. (Mangueira - 1968)

Autor do Enredo: Marco Maciel

CAMISA 10

CAMISA 10
PRESIDENTEMatheus Rodrigues
CARNAVALESCOS Jhony Saldanha e Alison MacMoraes
INTÉRPRETE Léo do Cavaco
CORESVermelho e Branco
SITEhttp://gresvcamisadez.webnode.com.br/
CIDADE-SEDECampinas-SP
Escola que estreia na LIESV, herdando o legado da antiga Acadêmicos de Madureira, que obteve o acesso no desfile da CAESV em 2008. Com um enredo sobre Oswaldo Cruz, a escola conquistou o vice-campeonato do Grupo de Acesso 2009 e o direito de desfilar no Especial em 2010, onde até hoje se mantém.
Ano
Enredo
Colocação
2013Do Feitiço à Redenção: o Caminhar da Humanidade Entrelaçado pelo Fascinante Fruto Proibido- (Acesso)
20122012: Alea Jacta Est! 18º (Único)
2011Não Vejo, Não Ouço, Não Falo... Sinto!10º (Especial)
2010 Boom... e a Humanidade Acordou12º (Especial)
2009De Paraitinga ao Palácio da Saúde. Oswaldo Cruz, o Médico do Brasil
2º (Acesso)

ENREDO 2013

Do Feitiço à Redenção: o Caminhar da Humanidade Entrelaçado pelo Fascinante Fruto Proibido

É com imenso prazer e orgulho que a Camisa 10 apresenta a todos s sinopse do seu enredo para 2013, com o objetivo de abrilhantar ainda mais o espetáculo carnavalesco da Liesv, a escola mergulha na história e avança no futuro para mostrar todos os víeis entrelaçados no simbolismo do fruto proibido.

As serpentes e o "veneno" do fruto proibido

Aos nossos olhos, tanto na mitologia, nas histórias infantis, na religião cristã a idéia da maçã é usada como metáfora ideológica dualista. Um dos mitos mais conhecidos do mundo ocidental cristão é o mito da maçã no jardim do Éden em que dentre tantos frutos apenas este seria proibido pelo deus do cristianismo. Nesse sentido a maçã muitas das vezes fora usada pra simbolizar o pecado, a destruição, a morte, o infortunio, a ruína, a ganância e a inveja, isso pode ser claramente visto na estória da Branca de Neve e os Sete Anões, na qual, a protagonista foi seduzida pela maçã e enganada pela madrasta transfigurada numa velhinha. Essa parte da estória é uma analogia do mito do jardim do Éden, donde a velhinha seria a própria serpente que faz uso do fruto para causar o mal.

Nos dois casos a maçã é o caminho para o pecado e/ou para a morte. Essa representação do pecado margeou todo o imaginário medieval. Além disso, nesse período a mulher teve sua imagem diabolizada, pois ela significa para seus infelizes descendentes a "expulsão do paraíso terrestre", atraia os homens por meio de chamarizes mentirosos afim de melhor arrastá-los para o abismo da sensualidade e muitas delas seriam bruxas inclinadas à luxúria e ao demônio, indícios de bruxaria.

A redenção histórica e mitológica da Maçã

A maça é o fruto mais antigo do mundo, já na época Neolítica, os homens consumiam a maçã, a qual, incontestavelmente é o fruto mais velho do mundo. Desde que começou a ser cultivada pelo homem, a maçã transformou-se em um dos mais conhecidos símbolos do amor. Mas sua imagem sempre esteve igualmente associada à saúde. Reza uma lenda que o mítico Hércules, famoso por sua incrível força, alcançou a imortalidade após comer uma maçã sagrada. E conta-se que os pais da medicina antiga, os gregos Hipócrates e Galeno, atribuíam à maçã grandes qualidades digestivas, fazendo nascer assim o costume até hoje arraigado de ingerir frutas frescas ao final das refeições. Na mitologia nórdica, a maçã significa a imortalidade, representada pela deusa Idun, que guardava uma maçã numa taça e quando os deuses ficavam velhos mordiam a maçã e encontravam a juventude. Nas tradições celtas, a maçã é um fruto de ciência, de magia e de revelação, por isso, no festival celta de Shamhaim - que deu origem ao Halloween - elas eram enterradas durante a noite para que renascessem na primavera.

Na mitologia do povo celta, a maçã está ligada a um espaço específico: a Ilha dos Bem-Aventurados, Avalon, local de abundância e imortalidade. Avalon, a Ilha das Maçãs era, de acordo com as descrições da Vita Merlini de Geoffroy de Monmouth (século XII) uma ilha tão abundante que ao invés de grama o chão era coberto por frutos. Essa ilha era governada por Morgana e suas nove irmãs, que também possuíam o dom da imortalidade.

Mas, desde a maçã de Adão e Eva até o pomo da Discórdia, passando pelo pomo de ouro do jardim das Hespérides, encontramos, em todas as circunstâncias, a maçã como um meio de conhecimento. Ela está carregada de duplicidade pois, ora é o fruto da Árvore da Vida que está no meio do Paraíso e ora é o fruto da Árvore da Ciência do bem e do mal.

A Fruta do Conhecimento

Ao analisar o seu simbolismo do ponto de vista de sua estrutura física, ela é símbolo do conhecimento, pois um corte feito perpendicularmente ao eixo do pedúnculo revela que, no seu íntimo, está um pentagrama, símbolo tradicional do saber, desenhado pela própria disposição das sementes. Os Pitagóricos utilizavam-no até como uma das formas de se reconhecerem e numa das chaves pode ser visto como símbolo do Homem perfeito, eis porque surge na representação do homem Vitrúvio, de Leonardo da Vinci.

Avançando na História, temos a maçã de William Tell, o lutador da liberdade. Neste caso, o fruto simboliza o imperativo da conquista da liberdade e, ao mesmo tempo, a tragédia de falhar. Will Tell sentiu isso mesmo quando para conquistar a vida e a liberdade teve de apontar a flecha à maçã colocada na cabeça do seu filho. Tal ideologia sobre a liberdade que influenciou os abolicionistas europeus.

A maçã está também presente em Charles Fourier, filósofo francês do socialismo utópico, que formulou uma das filosofias mais criativas do século XIX, foi um acérrimo crítico das desigualdades sociais e teve sempre como meta a busca da harmonia na justiça. Terá sido a grande diferença de preços da maçã, em regiões da França com condições climáticas idênticas, que o levou a desconfiar de uma desordem fundamental no mecanismo industrial e a buscar uma nova teoria societária. A maçã surge aqui como o símbolo da procura da justiça e da igualdade entre os seres humanos

Por fim, quando se fala na figura da maça, não pode-se deixar de falar de Isaac Newton que ao formular a lei da gravidade, supostamente devido à queda de uma maçã, quando se encontrava a observar a Lua, contribuiu largamente para a construção da ciência experimental. A lei da gravidade tornou possível os aviões, foguetes, satélites e a chegada do homem a Lua.

Maçã, a musa inspiradora

O simbolismo da Maça vai além, inspirou e ainda inspira pessoas ao longo da história, tanto nas artes como no comportamento, quem nunca viu uma criança dar uma maça ao professor (a) como símbolo de carinho? Qual Parque de Diversão não teria as deliciosas Maças do Amor? Quem nunca teve vontade de saborear as famosas tortas de maça (apple pie) americanas?

No campo artístico pode-se encontrar inúmeras obras inspiradas nesse simbolismo, na literatura, o romance "A Maça no Escuro" de Clarice Lispector, mostra de forma gradativa o pecado, ato impensado, e a redenção, o surgimento de um outro, como elementos primordiais de evolução do ser. No cinema, o filme "A Maçã" retrata a vida de uma família onde o pai priva suas duas filhas do convívio com outras pessoas deixando-as presas em casa com a mãe que é deficiente visual. Durante todo tempo a maçã é uma figura presente, ela representa o desejo e atração que influenciou e levou as meninas para longe de casa, vivendo novas experiências e descobertas.

Na música, nos anos de ditadura brasileira, os artistas buscavam se expressar através da arte, Raul Seixas, grande compositor e cantor nacional escreve nesse momento uma musica intitulada "A Maça", isso porque tem representação do proibido no sentido político e também da sensualidade da mulher, a qual, também serviu de inspiração para a marchinha de carnaval de Jorge Veiga intitulada "História da Maçã".

Em 1968, os Beatles surpreenderam lançando os discos da Apple Records com a belíssima maçã verde impressa nos selos dos Lps. A reação positiva foi imediata. Novamente os Beatles se superavam e deixavam os concorrentes ainda mais distantes. Quando a imprensa quis saber qual a razão da maçã verde, Paul explicou que sempre foi fascinado pela arte moderna da 1ª metade do século e que tinha uma especial admiração pela obra do pintor belga Renè Magritte. Com o sucesso alcançado pelos Beatles, adquriu várias obras do artista. Assim, por influência dessa obra prima do modernismo surrelista, todos os discos lançados pela gravadora, viriam estampados com o famoso logotipo da maçã verde.

A "Big Apple"

Big Apple é um dos mais famosos apelidos de Nova York, isso se deu ao longo de anos, começou no início dos anos 20, quando "apple" (maçã) era uma palavra usada em relação a corridas de cavalos em New York City. "Apple" seriam os prêmios concedidos nas corridas, jockeys e treinadores de todo o país aspiravam em participar das corridas de Nova York, referindo-se a "Big Apple". No final dos anos 20 e início dos anos 30, os músicos de jazz começaram a referir a Nova York como "The Big Apple".

Um ditado antigo do show business dizia "There are many apples on the tree, but only one Big Apple" (Há muitas maçãs na árvore, mas somente uma grande maçã). Em 1971 uma campanha para aumentar o turismo em Nova York adotou "The Big Apple" como uma expressão oficial para a cidade. A campanha mostrava maçãs vermelhas num esforço de atrair visitantes para New York.

Essa cidade encanta pessoas do mundo inteiro, além dos seus pontos turísticos, a "Big Apple" tem um ritmo de vida agitado, vai e vem de pessoas de vários países do mundo, o Central Parque no coração de Manhattan, os restaurantes, os teatros e suas peças e musicais maravilhosos, e a belíssima Estátua da Liberdade. Além disso, a cidade exerce um impacto significativo sobre o comércio, finanças, mídia, arte, moda, pesquisa, tecnologia, educação e entretenimento de todo o planeta.

A Maçã do Futuro

O poder representativo da maçã é algo admirável, permeou o passado, o presente e também vem para permear o futuro da humanidade sendo símbolo de uma das maiores inovações tecnológicas. O fruto do conhecimento que inspirou Issac Newton a romper as barreiras da inovação, inspirou também o grande nome da era tecnológica: Steve Jobs, que junto com seu colega de faculdade cria a Apple Computers Inc. O que era um sonho hippie, acabou se transformando na maior promessa da tecnologia e, mais que isso, em um culto.

A inspiração para que Steve Jobs usasse a maçã como símbolo da empresa é o fechamento perfeito para enredo, pois a escolha sofreu influências de como esse fruto se entrelaçou na história da humanidade, como o verdadeiro fruto do conhecimento.

Alguns historiados propõem que a Idade Contemporânea terminou com a criação do primeiro computador. Cada dia mais os avanços tecnológicos ocupam espaços em nossas vidas, séries de produtos e inovações são criadas, qual será o limite do poder criativo do homem? O que o futuro nos reserva? Um novo capítulo da história está sendo escrito e mais uma vez a maçã é uma das grandes protagonistas...

"Como será o amanhã
Responda quem puder (bis)
O que irá me acontecer
O meu destino será como Deus quiser"
(União da Ilha, 1978)

Alison MacMoraes e Jhony Saldanha
Carnavalescos