SINOPSE:
Axé!
Se coloque de pé, valente nação imperiana!
Junte seus sonhos partidos, seque suas lágrimas de orgulho ferido, sinta o sabor do seu próprio sangue a correr das chagas lançadas pela burrice humana que julga sem saber.
Desfralde seu pavilhão tricolor. Erga os olhos e veja-o! Quero perceber o brilho de nossa coroa no fundo dos seus olhos. Levanta-te!! Exploda das cinzas, grandiosa fênix dos carnavais!! Podem te roubar o espaço, podem te perseguir, mas eu lhe dou a fibra e a coragem para lutar e vencer. Ninguém irá roubar a nossa história, a minha e a tua!
Vamos à luta!
Sou a voz interior que habita os corações daqueles que se sentem presos aos grilhões obscuros da perseguição. No interior da blindada pele negra "arrastei" correntes, senti a chibata e resisti. Enfrentei e venci. Antes embargada na garganta, rompi o silêncio e com o meu canto cortei ares e disse "NÃO". Ergui minha fortaleza na mata, fui quilombola e estourei correntes conhecendo a branca e áurea liberdade. Marquei com lágrimas a festa de minha alegria. Vi a união de vozes junto aos tambores entoando ao largo do giro das saias rendadas das mães negras, mulheres que carregavam as crianças no alto das cabeças como símbolo da pureza liberta de toda uma raça. Também minha raça!
Ousei combater o peso das autoridades, independente se usavam uma coroa ou uma farda. Gravei palavras de ordem, narrei fatos de cada canto onde a opressão lançava suas sombras. Subi os morros e toquei os céus. Lancei mais estrelas no infinito sob "os barracões de zinco". Olhando assim, cada cidade rusticamente iluminada "mais parecia o céu no chão"! Não me coloquei nas alturas para fugir, mas para poder entender melhor, ver melhor meus perseguidores. Meu samba foi a arma capaz de encantar branquinhas e mulatas, quebrar o quadril de marechais, doutores e intelectuais. Sou a voz que se propaga e faz arrepiar, mexer os pés e alucinar. Sou resistência pé no chão vindo do morro e fazendo miséria no asfalto. Me empurra às margens que eu causo uma onda de euforia que te desafia e te enlouquece. Mascarada ou colorida, dei voz ao morro que desceu por toda a cidade.
Não importa quem manda, não me rendo e não me curvo. Me persegue e eu te assombro! Manda-me calar a boca e eu fujo pelas frestas da mordaça! Parto do interior e ganho o mundo com minha vibração. Crio a imagem da arte que não se cala. Ressoo e posso me multiplicar. Falo por muitas pessoas, rasgo as cortinas, escapo da coxia e, sob a luz da ribalta, enceno minha fibra. Ensino que não há porque calar. Meu sonho, minha filosofia, meu mundo em cores fazem a cena do novo Brasil. Render-se jamais, silenciar-me, nunca!
E então propalo. Viajo em notas musicais e em acordes para que o mundo acorde e perceba: resistir é preciso, pois aquele que persegue não pode vencer. Não pode ser o predador, há de ser a presa! Assim eu tropicalizo, radicalizo e escandalizo! Eu sou o novo!
Contra a ditadura meu som se une ao sorriso. Viro crítica e denuncio a galhofa nacional. Se prefere "o cheiro do cavalo ao cheiro do povo", saiba que prefiro te desafiar com o escárnio. Não adianta mais querer me prender, censurar e impedir! Sou o reflexo do povo e choramos juntos cada sonho partido. Tancredão partiu, o povo chorou, mas não desistiu: avançou! Assim me uno ao som da viola e ao rock pauleira. Sim, sou rock, pois também sou santeiro. Tardo, mas não falho! "To certo ou to errado?".
De pernas para o ar e coração leve eu digo: enfim sou livre para ser o que quero ser! Deixe então o vento levar livremente tudo o que é ruim. Deixe o vento levar o que é bom, deixe o vento levar o que sou...
Deixe o vento me levar para mais uma vez dizer: Imperiais teu povo te ama!!!
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